16 de jan. de 2017

Sepultura - Machine Messiah




Nota; 8,5


Ouvir Machine Messiah, o mais novo disco de Sepultura, requer uma dose de desapego ao passado da banda que olha para o futuro trabalhando novos elementos em sua sonoridade, quem conhece a história dos caras já está acostumado a rompimentos de direcionamento  sonoros de tempos em tempos.

O oitavo (sim oitavo já!) disco com Derrick Green nos vocais representa um novo tempo, bobagem comparar a banda de agora com sua fase clássica ( não escondo minha predileção pela era Max, mas não desprezo o trabalho que vem sendo feito nos últimos 20 anos), sendo assim temos que analisar a nova empreitada baseado no que estamos ouvindo no momento.

Confesso que quando ouvi os primeiros acordes da faixa título, Machine Messiah, fiquei curioso, clima cadenciado, arrastado, vocais limpos, produção grandiosa exploram um novo caminho, a faixa título funciona como um prelúdio para a pancada quase Hardcore I Am The Enemy, que já vinha sendo divulgada e tocada ao vivo.

A percussão com ritmos locais de Phantom Self e evidencia a qualidade de Eloy Casagrande na bateria, um monstro, toca muito, em um andamento quebrado, junto com as bases pesadas de Paulo Jr e Andreas Kisser, Green leva bem os vocais e restabelece alguns toques de Nation aqui e ali, destaque para solos de violinos e guitarras em profusão. 

O ritmo do disco é intenso, mas puxando para um tom mais progressivo, diferentemente dos dois discos anteriores mais diretos, Kairos, mais Thrash e Mediator mais puxado ao Death Metal. Na intrigante Alethea e na excelente e exótica instrumental Iceberg Dances, percebemos um tom mais sofisticado no disco como um todo.

A produção de Jens Borgen também contribui com aura de vanguarda que escutamos em Machine Messiah, cristalina e recheada de detalhes confronta com o padrão mais sujo e barulhento que esteve mais presente ao longo da carreira, isso pode ter um impacto positivo ou negativo, depende do ouvinte,  Sworn Oath é épica, com grande interação entre a guitarra de Andreas e orquestrações, aqui o groove e o peso comandam as ações.

O conceito ambicioso e a temática de homem dominado por máquinas ajuda a digerir tamanhas experimentações, o Sepultura quis, e conseguiu sair do lugar comum, tanto na execução instrumental impecável (a banda esta afiadíssima) como nas variantes vocais. A trinca Resistant Parasites, Silent Violence e Vandals Nest reativam a dinâmica adotada na primeira era da fase Green, ou seja, muito groove, guitarras abafadas e vocais em primeiro plano, tudo envolvido pelo conceito sonoro proposto desde o primeiro acorde.

Fechando o ambicioso registro, Cyber God vai na linha da faixa título, cadenciada e angustiante, Green solta seus vocais limpos com competência e Eloy, bem... destrói tudo, uma ótima forma de encerrar o disco, com peso e dramaticidade.

Não esperem um disco fácil, Machine Messiah é complexo e ambicioso demonstrando que o Sepultura não quer ficar parado, pelo contrário, vem buscando novas experiências ao longo dos anos. Acertaram a mão em um grande disco.


Machine Messiah (2016)



A Banda

Andreas Kisser (Guitarra e Backing Vocal)
Derrick Green (Vocal)
Eloy Casagrande (Bateria e Percussão)
Paulo Xisto Jr (Baixo)

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