4 de dez. de 2014

Test Time Review #11 - Reinventing the Steel (2000)





A Banda 

Phil Anselmo – Vocal
Dimebag Darrell – Guitarra
Rex Brown – Baixo
Vinnie Paul – Bateria



O Contexto

No final dos anos 90 o Pantera passava por um momento crucial em sua história, todos viviam de exagero: Rex atolado no álcool, Phil perdido nas drogas e os irmãos Abbott gastando fortunas em  festas regadas a muitas bebidas, drogas e strippers. Gravar o nono e último álbum não foi das tarefas mais fáceis, os integrantes não conseguiam dividir o mesmo ambiente por muito tempo e o clima estava cada vez mais tenso.

No ano 2000 o mundo experimentava o New Metal, estilo que segundo a mídia especializada ditaria o rumo do Metal desse período em diante. No Brasil as rádios e a emissora MTV empurravam esse som goela abaixo dos novos ouvintes, porém o Power Metal era o estilo em alta. Era comum ver bandas alemãs e finlandesas com apresentações sold out, tendo que abrir noites extras nas luxuosas casas de shows das capitais, para satisfazer o público fanático.

Entretanto o Pantera mesmo vivenciando um período conturbado não abria mão de seu estilo. Enquanto os californianos do Metallica tentavam fazer engrenar os experimentais “Load”, “ReLoad” e posteriormente o “St. Anger”, os rapazes  de Arlington seguiram fiel ao peso proposto desde “Cowboys From Hell”.


As impressões do passado

Após quatro discos com Terry Date como produtor, os quatro integrantes (e Terry) concluíram que era hora do quarteto andar sozinho. Vinnie Paul, que já havia sido co-produtor em “...Trendkill”, dividiu essa função com o irmão Dimebag. Além disso, o estúdio pertencia aos irmãos Abbott, ou seja, sem ter que gastar com produtor e estúdio, toda grana dada pela gravadora tinha como objetivo exclusivo os exageros do quarteto. 

A intenção era voltar ao estilo de “Cowboys” e “Vulgar”, mas seria uma mudança muito radical, conseguiram então soar pouco menos pesados do que álbum antecessor. Na produção Rex recebeu mais volume em seu baixo, deixando a cozinha mais recheada. Tocar Thrash Metal com apenas uma guitarra, para muitos é impossível nos momentos dos solos, mas para o Pantera isso nunca foi problema nem em estúdio e muito menos ao vivo. 

“Hellbound” poderia estar tranquilamente em CFH, era a prova de que a banda estava nos trilhos, apesar das dificuldades pessoais. Mesclando uma levada cadenciada com momentos mais rápidos era possível notar algumas das várias faces dos vocais de Phill. A segunda faixa cravava em seus bridges:  “Your trust is in whiskey and weed and Black Sabbath, it's goddamn electric” e depois “Your trust is in whiskey and weed and Slayer, it's goddamn electric”. Reverenciavam e assumiam suas influências em "Goddamn Electric", além de contar com solo de Kerry King, do Slayer. Black Sabbath sempre esteve óbvio nos riffs bem construídos por Dime. Por falar em riffs, “Revolution Is My Name” é um coletivo de riffs, que Tony Iommi assinaria embaixo com muito orgulho. 

Dime estava no ápice de sua técnica, os solos estavam mais criativos e elaborados, além de contar com o apoio que Rex e Vinnie davam na retaguarda. Darrell deve ter encontrado em alguma caixa perdida um pedal flanger. Utilizou-o na introdução da faixa de abertura e apareceu novamente com esse efeito antes do solo de “Death Rattle”. Ah “Death Rattle”... a sexta faixa era a prova musical que o quarteto do Texas tinha muita lenha para queimar ainda. Era tão boa – senão melhor – do que muitas coisas que eles haviam feito nos outros quatro discos. Em “Yesterday Don't Mean Shit” e “It Makes Them Disappear” acertaram em cheio, dando liga e deixando a obra completa.


Como o álbum envelheceu?

Pantera teve a trinca “nota 10” em sua discografia composta por “Cowboys from Hell”, “Vulgar Display of Power” e “Far Beyond Driven”. Era impossível manter esse nível por mais um ou dois discos. “The Great Southern Trendkill” foi um ponto meio que fora da curva, mais cru e extremo, foi o álbum de pior digestão por parte dos fãs. A banda entendeu o recado e conseguiu com “Reiventing the Steel” reinventar seu próprio estilo. O título fala disso, da busca nas raízes que os consagraram. 

Com quase 15 anos de idade o nono e último disco do quarteto soa mais coerente hoje em dia. O tempo ajudou os fãs a entenderem o que foi proposto nessas dez faixas e guardaram com certo carinho esse CD na prateleira, pois foi o último registro dos quatro rapazes juntos. A história dessa banda que revolucionou não só o cenário do Metal, mas sim a história da música mundial, foi freada por desavenças, drogas, álcool e por um fanático imbecil que atirou e enterrou todas as possibilidades de uma reunião posterior. O que viria como décimo álbum jamais saberemos, Dime era parte de uma engrenagem perfeita. O fato é que “Reiventing the Steel”, clichês à parte, fechou com chave de ouro a história de uma das maiores e mais pesadas bandas que já pisaram nos palcos mundiais. Revolução era o nome deles.



Revolution Is My Name


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